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Prestações da casa ficam mais caras em maio. É a maior subida desde a última crise

A pandemia traz uma pesada fatura para a vida financeira de muitas famílias confrontadas com a perda do emprego ou de rendimentos. Quem não tiver recorrido às moratórias e revir as condições do crédito à habitação, neste mês de maio, vai sentir uma pressão adicional. A prestação da casa vai sofrer o maior agravamento desde a última crise financeira.

 

O agravamento da prestação vai de um mínimo de 0,1% até ao máximo de 2,5%. Neste quadro, os contratos com os indexantes mais curtos — Euribor a três e seis meses — são os mais penalizados.

 
 

Considerando o cenário de um empréstimo no valor de 100 mil euros, por um prazo de 30 anos, e com um spread de 1%, os créditos associados à Euribor a três meses vão ver a prestação subir 2%. Trata-se do maior aumento desde a revisão feita em agosto de 2011, em pleno pico da crise financeira em Portugal. Serão mais 6,11 euros que elevarão o valor da prestação para os 310,11 euros durante os próximos três meses. Ou seja, a fasquia mais elevada dos últimos quatro anos.

Já os agregados cujos empréstimos da casa estejam associados à Euribor a seis meses, sofrem o acréscimo mais elevado de encargos. Partindo do mesmo cenário, o valor da prestação aumenta 2,5% (+7,62 euros) — o maior incremento desde a revisão de maio de 2011 –, para se fixar nos 312,9 euros. Seria necessário recuar três anos e meio, até outubro de 2016, para que esses agregados pagassem uma prestação mais elevada.

 
 

As famílias com contratos indexados à Euribor a 12 meses — que representam uma pequena fatia do total dos empréstimos da casa em Portugal — também veem os encargos mensais subir. Mas o aumento será muito ligeiro face à revisão efetuada há um ano. O acréscimo é de 0,1% (+18 cêntimos), para os 316,7 euros.

O aumento dos encargos com o crédito da casa surge no seguimento da subida das Euribor que se intensificou em meados de março, no seguimento do agudizar da crise pandémica.

 

Situação que coincide com o crescendo das reticências relativamente à capacidade que os bancos, sobretudo daquelas economias que serão mais vulneráveis à recessão que se avizinha — como Itália, Espanha e Portugal — terão em garantir o financiamento às famílias e empresas dos respetivos países sedentas por liquidez.

aso se vejam confrontados com cortes de rating, vão enfrentar maior resistência no acesso a liquidez junto dos restantes bancos, conduzindo a uma pressão nos custos de financiamento no mercado interbancário. Tal acaba por refletir-se num agravamento dos indexantes dos empréstimos e, em particular, pesar mais no bolso de quem tem crédito à habitação.

 

Analistas consultados recentemente pelo ECO não mostraram, contudo, especial preocupação no que respeita à evolução dos encargos com o crédito da casa face à recente subida dos indexantes. “Para as famílias, estes movimentos são para já apenas marginais“, afirmava Filipe Garcia, economista da IMF, salientando que “as Euribor continuam em níveis muito baixos”.

Estes têm vindo, contudo, a tornar-se cada vez menos negativos, estando já em níveis máximos da primeira metade do ano de 2016 nos prazos mais curtos. Mas a expectativa do mercado vai no sentido de que se mantenham abaixo de 0% pelo menos até março de 2025, segundo mostram os futuros para a Euribor a três meses.

 

IN: ECO

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